Alma a gente tem muitas, incontáveis.
Quantas você acha que foram necessárias pra segurar meu corpo na cadeira enquanto bebemos e conversamos? Quantas? Enquanto a conversa trivial.
Quantas você acha que foram necessárias pra segurar meu corpo na cadeira enquanto bebemos e conversamos? Quantas? Enquanto a conversa trivial.
O que você tem feito?
Ah, o de sempre...
Uma das minhas almas algemada aos pés da mesa, a sua por cima, mordendo as orelhas, sugando o pescoço. Sua alma vampira. Minha alma roxa. Minha alma que não aprendeu a diferença entre beijos e prisões. Rebelde de mim, escrava sua. Os punhos amarrados nos pés da mesa do bar.
Ninguém viu quando o líquido nos copos vibrou sutilmente. Nossas almas se espremendo entre o amor e a fome, embaixo da mesa. Milhões de arrepios e ondas e tempestades e transbordamentos. E o mundo vazio.
Minha alma, enfim, feliz. Completa, satisfeita, realizada e morta. Mas alma a gente nunca enterra. Alma a gente tem muitas, incontáveis.
Eu não te via há tanto tempo.