sábado, 22 de agosto de 2009

for no one

Alfredo, ás vezes fica difícil dormir. Eu fecho os olhos e vago por outras estradas, ando tentando até o Beco Diagonal pra fugir do desencontro, mas sempre acabo topando com você que é rua sem saída. E tá feito, não sei mais dormir.Eu penso que pode ser a sua pele capuccino-com-canela, capuccino me desperta, é assim.

Alfredo, ás vezes fica difícil dormir. E aí eu lembro que você encheu minha cama de companhia pra quando batesse o cansaço e você não pudesse dar boa noite eu não ficar com aquela sensação de esse quarto ficou grande demais. Alfredo, quem é que faz assim? Quem é que sabe me dobrar em flor?

Olha Alfredo, eu só tive medo. Medo porque um dia você me tirou pra dançar sem aviso prévio. Com a maior delicadeza do mundo e sem explicação. E se você for embora com a mesma naturalidade que veio, mais leve que o ar, tão doce de olhar, que nenhum adeus pode acabar ?

Foi medo, Alfredo, ou rabugentice. Só não foi verdade quando eu disse.
Você pra mim é perfeito sim Alfredo, não de não ter defeito, mas daquilo de por na balança e as qualidades desequilibrarem pro lado de you're the closest to heaven that i'll ever be.

E eu te amo, Alfredo.

domingo, 16 de agosto de 2009

back to, i go back to

Chuvisco se sentou no meio fio, meio triste.
Chuvisco se sentou no meio fio pra esperar passar.
Chuvisco esperou tanto até que as borboletas do estômago congelaram, meio frio.
Chuvisco sentoueesperou, que nunca tinha entendido caracol de quadrilha.
Chuvisco se sentou no meio fio, meia sem par.
Chuvisco ensaiou suspiros ah como eu amo a mulher que passa. A coisa é que Chuvisco nunca foi relâmpago.
Chuvisco bem quis fazer breu, falar alto, molhar o rosto.
Chuvisco se sentou no meio fio.

domingo, 9 de agosto de 2009

dois pontos

a deni me explicou que os dentes se arranjam dentro da boca, pra se equilibrar.
meus dentes, meus da menina que cai, parece que tiveram que fazer altas acrobacias pra encontrar o eixo.
esses dias fiquei sisuda, minha boca tinha ganhado mais quatro e teve que se virar, se torcer, dar espaço pras raízes em x mais tortas e profundas do que deviam ser.
o balance mais esquisito do mundo.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

sim

- Eu tenho que te dizer que, infelizmente, o diabo existe sim. O mal existe sim.
E me olhou fixamente nos olhos, como quem pergunta. E me contou que a casa dele foi invadida pelo demônio um dia, que ele passou um apuro danado até que veio um anjo bem menos safado do que os anjos que eu conheço, sacou a espada e venceu todo o mal dali.
- Olha, tudo bem, eu não duvido não.
- Você deve tá achando que eu tava drogado , mas eu não tava drogado.
Eu não sei, amigo, não sei. Eu tenho pra mim que acreditar é coisa de arrepio, não dá pra dizer que acredito só porque acho possível.
É que me fizeram debaixo de estrelas de touro e libra, aí fiquei assim terrena. Mas eu não duvido não. De quase nada.
Talvez nesses meus dias aqui eu veja fouetés triplos seguidos de piruetas a la second tudo na ponta como se fosse mágica e se eu arrepiar vou ter que acreditar que existe mesmo. Talvez eu alongue meu senso de crença quando vir a música de Tchaikovsky tocada pelos pés mais leves e espertos do mundo, com selo de um promenade paranormal. Como talvez você tenha visto o diabo mesmo
e talvez seja uma pena que o seu exercício de crença no quase impossível tenha tido que ser esse, mas talvez da próxima vez te deixem escolher e por aqui eles devem ter bastante coisa, aqueles mini-bailarinos, 12 anos e um pas-des-deux do Quebra Nozes bem inacreditável.

Eu só sei que agora, com seis malas, colchonete, travesseiro e girafa de pelúcia do meu lado, conversando com você sobre o bem e o mal eu só posso acreditar, amigo, em Folhetim.