quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

umbero

e se eu pudesse supor a insanidade daquela espera na sacada.
é que eu era a única no mundo que conhecia o avesso dela, qual seria então o tamanho do abandono que ela sentia quando eu fechava a porta?
de vez em quando aquela ofuscação transbordava. eu nunca sei o quanto dela é espelho, o quanto de mim luz. um tanto de mim espelho e ela dando luz.
foi que me alojou dentro dela de novo, e sem poder digerir, me vomitou,
parto ao contrário,
aliviador?

sábado, 24 de janeiro de 2009

triim

"Vamos brincar, amor? vamos jogar peteca
Vamos atrapalhar os outros, amor, vamos sair correndo
Vamos subir no elevador, vamos sofrer calmamente e sem precipitação?
Vamos sofrer, amor? males da alma, perigos Dores de má fama íntimas como as chagas de Cristo Vamos, amor? vamos tomar porre de absinto
Vamos tomar porre de coisa bem esquisita, vamos
Fingir que hoje é domingo, vamos ver
O afogado na praia, vamos correr atrás do batalhão?
Vamos, amor, tomar thé na Cavé com madame de Sevignée
Vamos roubar laranja, falar nome, vamos inventar
Vamos criar beijo novo, carinho novo, vamos visitar N. S. do Parto? Vamos, amor? "
( De Moraes)

Mas esse crocodilo atrás da gente, amor
tic tac
tow.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Ingredientes
150 gr Filé de atum limpo sem espinhas
1 Folha de nori
4 Colheres de sopa de farinha tailandesa
Calda
1 xícara de chá de mel de rapadura
1/2 xícara de chá de shoyo
3 colheres de sopa de aceto balsâmico
1 pitada de raspas de gengibre


Modo de preparo
Molho
Derreta a rapadura em fogo baixo mexendo sempre e acrescentando o shoyo, água fervente, aceto balsâmico e pitada de raspas de gengibre. Mexa sempre até o molho obter consistência de mel. Retire do fogo e mantenha em temperatura ambiente.
Limpe o filé de peixe removendo todas as espinhas. Envolva o filé numa folha de nori e passe a peça na farinha tailandesa. Frite rapidamente em óleo de girassol bem quente o suficiente para dourar a capa. Corte a peça em fatias finas e sirva com o molho shoyo mel.



Não é que eu não tenha ossos, nem que falte juízo. eu sempre me impressiono com o tamanho dos seus cílios, nunca vi assim. e penso que, socorro, nem sei quantas borboletas cabem nesse meu novo estômago. Eu fico tentando contar, mas você veio daqui de dentro. daí que entre a gente é tão estreito que não cabe sentido, nem sol, escuro do mundo. Não é que eu não tenha ossos, nem sei como você consegue, eu amo tanto, quando você me diminui até o tamanho de um arrepio e me dobra em flor.
- alta gastronomia, amor.

domingo, 11 de janeiro de 2009

chuvisco

Ele tinha desenvolvido, por puro tédio e excentricidade forçada, a mania de se perder pela cidade quando um amor acabava. de se encontrar pela cidade quando acabava, amor.
Era como se andando pelos caminhos já feitos ele pudesse resgatar alguma coisa que fizesse falta, como se desse pra respirar de novo os velhos ares e encontrar aquilo de sufocante que a gente precisa pra poder parar de andar em ginástica anaeróbica.

É que talvez o Forrest tenha afetado mais que os verdes fritos, mãe. E além de tudo ele era vestido chique, só se lavava a seco, mesmo a alma, emprestada.

E fazia parte da mania bater na porta de todos os amores passados, bater a porta de todos os amores passados, amor, daquele jeito adolescente ponto de exclamação que faz os mal-passados quase levantarem do sofá de desacostumados que tão com o estrondo, único barulho que ele ousava fazer, mudo que era. Daí que ele desistia de reclamar os beijos roubados de volta, recolher os pedaços na estrada, de varrer pra dentro as migalhas de arrepio que sempre sobram, e acabava engolindo vento mesmo, até ficar com soluço.

Nem ele sabia o que o segurava na frente daquela janela. o sufocamento não tinha chegado ainda, a parada devia ser cardíaca.
A moça duvidava um pouco que ele estivesse mesmo ali, na sua janela, há tanto tempo, torcendo sem querer por uma tempestade que o fizesse levitar até o batente, ou o levasse pra bem longe.

Eu bem que desconfiei, desde o primeiro abraço, que ele era feito de suspiros vazios, ninguém muito concreto consegue caber sem esforço num xp.