segunda-feira, 12 de julho de 2010

sudoeste

Mas essa chuva de 'até que enfim' é nada menos que o choro de inveja das sereias.
Imagine que disparate você, com esse par de pernas de mais de um metro, mergulhando no rio delas.

sábado, 3 de julho de 2010

janela

Sentimento de janela é aquilo que dá quando a gente sente uma melancolia tão grande que o único jeito seria sentar na janela com um violão e tocar as músicas certas trezentas mil quatrocentas e sete vezes, até entender o silêncio.
Janela porque era praquela que me dava vontade de ir. A janela do quartão. 'Janela de verdade', maior que minhas pernas, de madeira, com fechadura e quatro folhas.
Quando eu era pequena a tevê de casa ficava no quartão. Meu pai e o violão dele também. Pra cantar minhas músicas era só me sentar no sofá, esperar o aquecimento, quase sempre 'Minueto de Bach', e usufruir do karaoke gratuito. Não se dizia muita coisa, até porque nenhum dos dois, nem eu nem meu pai, somos de falar assim de graça. Ele dizia 'vai filha' e balançava a cabeça, eu sempre enrolava uns compassos e aí caía na bossa nova. Assim tudo ficava mais simples. No final do dia, no fim das contas o mundo, a vida, a gente, os nós eram só isso: voz e violão.




São sombras cantando, sombras sem cabeça, mas tá valendo. O quase -video foi feito em Dourados, na casa do meu pai e da Rozanna, no comecinho de 2009.

Mas quando ela pegar suas mãos e não me encontrar por ali, quando não disser de mim no seu passado presente, futuro. Não me ler em nenhuma das linhas: a do amor, da vida, da saudade.. não se espante. Não se engane.
Ela não perdeu a clarividência, nem eu fui um devaneio.
É que eu sou uma entrelinha. Uma entrelinha invisível, escrita em braile na palma das suas mãos.