domingo, 1 de junho de 2014

eu que não amo você

Percebi que quando escrevo (textos ou as linhas tortas da vida) costumo cometer muitos erros, principalmente de pontuação.
Eu me atrapalho com as pausas e respirações. Pula uma vírgula naquela frase e o que eu penso soa como música no mau sentido, disco riscado.
Eu nunca tenho certeza, tô vendo ponto de interrogação onde não tem?
Eu, que sou blasé demais pra entender a dinâmica dos pontos de exclamação.
Eu ponto. E vírgula,
Eu, que ainda tropeço em erros primários...
Coloco reticências onde só cabe um ponto afinal.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

e segue

You follow each ohter
diz o twitter
se te procuro

vai ver é por isso, amor
que a gente nunca se esbarra

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

alma a gente tem muitas

Alma a gente tem muitas, incontáveis.

Quantas você acha que foram necessárias pra segurar meu corpo na cadeira enquanto bebemos e conversamos? Quantas?  Enquanto a conversa trivial.
           O que você tem feito?
                             Ah, o de sempre...

Uma das minhas almas algemada aos pés da mesa, a sua por cima, mordendo as orelhas, sugando o pescoço. Sua alma vampira. Minha alma roxa. Minha alma que não aprendeu a diferença entre beijos e prisões. Rebelde de mim, escrava sua. Os punhos amarrados nos pés da mesa do bar.

Ninguém viu quando o líquido nos copos vibrou sutilmente. Nossas almas se espremendo entre o amor e a fome, embaixo da mesa. Milhões de arrepios e ondas e tempestades e transbordamentos. E o mundo vazio.

Minha alma, enfim, feliz. Completa, satisfeita, realizada e morta. Mas alma a gente nunca enterra. Alma a gente tem muitas, incontáveis.

Eu não te via há tanto tempo.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

entre nós

Eu amo essa cidade. Menos de um milhão de habitantes e nenhum esbarrão desnecessário em você, abismo. Eu amo essa cidade. Plana, fácil, de caminhos simples. Como é simples o amor e o desamor mais simples ainda. Eu amo essa cidade como eu amo o silêncio, o vento.
Essa cortina de vento entre nós dois.

domingo, 31 de março de 2013

nicotina

No começo você acredita que pensa nela porque quer, porque é bonito, é legal e não faz mal. Você passa a perceber o descontrole quando é domingo. Ou fim de tarde. Ou quando chove. Ou os três, como é o caso agora. Você não quer mais pensar nela porque, apesar de ser perfeitamente natural, já chega. É hora de mudar de assunto, você não é nenhum disco riscado. Mas as paixonites são mesmo como os vícios, ninguém nota o perigo antes de ser tarde demais.
E ninguém precisa te avisar que hoje é tarde pra você. Você notou que qualquer coisa que lê/vê/ouve sobre o Chico te faz pensar nela. Será que as pessoas já perceberam o quanto se fala no Chico? Você percebeu. Reparou que as pessoas arranjam os motivos mais fúteis do universo pra falar dele. Chico e a censura. Chico e as mulheres. Chico escritor. Chico no cinema. Chico fala de política. Chico fala das redes sociais. Chico ri de nervoso. A evolução do bigode do Chico ao longo dos anos. Papa Chico. Ele é o cara mais pentelho da música nacional. O Chico nunca sai de pauta, nunca sai da tela, da tevê ao twitter.
E ela nunca sai da sua cabeça.
(O que te leva  a pensar seriamente que a música brasileira precisa de uma repaginada. E só.)