domingo, 11 de janeiro de 2009

chuvisco

Ele tinha desenvolvido, por puro tédio e excentricidade forçada, a mania de se perder pela cidade quando um amor acabava. de se encontrar pela cidade quando acabava, amor.
Era como se andando pelos caminhos já feitos ele pudesse resgatar alguma coisa que fizesse falta, como se desse pra respirar de novo os velhos ares e encontrar aquilo de sufocante que a gente precisa pra poder parar de andar em ginástica anaeróbica.

É que talvez o Forrest tenha afetado mais que os verdes fritos, mãe. E além de tudo ele era vestido chique, só se lavava a seco, mesmo a alma, emprestada.

E fazia parte da mania bater na porta de todos os amores passados, bater a porta de todos os amores passados, amor, daquele jeito adolescente ponto de exclamação que faz os mal-passados quase levantarem do sofá de desacostumados que tão com o estrondo, único barulho que ele ousava fazer, mudo que era. Daí que ele desistia de reclamar os beijos roubados de volta, recolher os pedaços na estrada, de varrer pra dentro as migalhas de arrepio que sempre sobram, e acabava engolindo vento mesmo, até ficar com soluço.

Nem ele sabia o que o segurava na frente daquela janela. o sufocamento não tinha chegado ainda, a parada devia ser cardíaca.
A moça duvidava um pouco que ele estivesse mesmo ali, na sua janela, há tanto tempo, torcendo sem querer por uma tempestade que o fizesse levitar até o batente, ou o levasse pra bem longe.

Eu bem que desconfiei, desde o primeiro abraço, que ele era feito de suspiros vazios, ninguém muito concreto consegue caber sem esforço num xp.

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