quarta-feira, 5 de novembro de 2008

aos treze.

Foi despertado certo dia por carícias que quase faziam cócegas. Era Laura o experimentando. Segurou firme entre os dedos macios e fez alguns traços, o abandonou logo em seguida.
Ele nunca mais dormira.
Viveu por dois meses entre espasmos e suspiros, sempre mudos.
Laura desenhava corações de vez em quando. E o apertava com as mãos pequenas num pressionar tão leve, cada digital dela a marcar o corpo dele, como se fosse ferro, fogo, um pedaço dele ficando pra trás a cada encontro de dedos, papel, palma. Vestígios, e só. Vestígios e ponto.
Tremeu estático quando Laura o beijou, o levou a boca sem aviso prévio, manteve-se assim por quase dez segundos de eternidade, o abandonou logo em seguida bêbado de arrepios em cima da mesa.
Acontece que um dia Laura acordou mais sorridente, começou a escrever declarações, desenhou corações e dentro do maior escreveu 'Ronaldo'.
Ele resolveu ir embora.
Naquela noite saiu do estojo sem fazer barulho, se jogou da escrivaninha e partiu.
Pra longe,
ou ao meio.

Um comentário:

Flávio Brito disse...

E como é difícil aceitar que tudo modou... nada mais seria como antes! Entre ficar e sofrer, ele preferiu partir! Só esqueceram de avisar que não importa onde fosse a dor iria junto com ele.