quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

aqueimar

Eu tava no 070 saindo de uma prova cruel, indo pro ensaio. Mas de repente o ônibus mudou de rumo, foi me levando pro lugar mais gelado do mundo. E não era fora da janela, era mesmo dentro dos meus olhos que eu via as grades de ferro, o corredor mal iluminado, as paredes lavadas e cheias de marcas, sujas pra sempre, os olhos no chão, os corações e as saudades mil na parede e na carteira.
Vinha da mochila de um menino de uns 13 anos o meu vale-transporte. Era um celular que tocava rap bem alto. Aquela batida gelada, seca. Se o rap se materializasse eu tenho certeza que viraria aquilo, o lugar de tanto concreto e ferro, de palavras perdidas. Onde não existem nomes, só iniciais.
E inicial é o que mais me desespera, depois da inicial como é que termina, seu moço?
Durou pouco mais de quatro minutos a minha viagem àquela Terra do Nunca ao contrário.
O ponto na frente do Shopping ainda tava ali, o ballet ainda era umas cinco quadras pra cima. Nada é fácil de entender.

4 comentários:

Gabriela Kina disse...

foda!

Keyciane Pedrosa disse...

chorei... como sempre...

Flávio Brito disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Flávio Brito disse...

Existe palavra pra tudo. Que é capaz de descrever e dizer tudo. Mas existem coisas e monmentos que eu não consigo escolher e usar as palavras. Eu só fico sentindo. Eu só sei que eu preciso fazer alguma coisa, além de só sentir. Eu preciso desesperadamente aprender a usar as palavras. Afinal, foi eu mesmo quem disse pra todo mundo, quando passei no vestibular, que as usaria para agir e fazer as coisas um tanto melhores pra eles e pra mim. É por isso que eu gasto o dinheiro deles. eu preciso fazer essa conta valer a pena!